Professor da USP, agradecido, senta-se para assistir a aula de democracia do Zezinho.
O Mais Preparado dos Brasileiros, o governador Zezinho, deu hoje mais uma aula magna de democracia e respeito às instituições. O Presidente de Nascença, ao receber da USP a lista tríplice de candidatos para indicar o novo reitor da instituição, mostrou que a democracia não pode se prender à simples matemática: assim, preferiu escolher o segundo mais votado, Prof. Grandino Rodas, que teve 106 votos no colégio eleitoral, em lugar do mais votado, Prof. Glaucius Oliva, que recebera 160. O escolhido havia ficado apenas em quarto lugar na consulta aberta aos professores da universidade, com 10% dos votos.
Agradecidos por tamanha generosidade, alunos, professores, funcionários, ex-alunos, ciclistas, vendedores de cachorro-quente e outras drogas e até os cães da Cidade Universitária já lançaram campanha para outorga do título de Benfeitor Máximo da USP ao que é o Mais Brilhantes dos Politécnicos.
Com essa medida, o Grande Educador Pátrio iguala-se ao seu antecessor Paulo Maluf, o último governador a ter essa compreensão elevada da incompatibilidade entre maior número de votos e democracia. Maluf, à época governador indicado pela ditadura militar, havia sido o último governador a deixar de indicar o nome mais votado no processo eleitoral da universidade.
Segundo fontes da Lapa, o Novo Maluf quis, mais uma vez, demonstrar seu apreço à universidade na qual não conseguiu concluir seus estudos em Engenharia. Em junho, havia dado uma outra aula de democracia, há poucos meses, ensinando a estudantes, funcionários e professores a conviver com os cassetetes e gás lacrimogêneo da polícia militar.
O Novo Maluf: democracia e valorização da USP
Antes, em 2007, em um generoso gesto de solidariedade, tentara retirar a autonomia da USP para utilizar os recursos a ela legalmente destinados, por entender que isso era um desperdício das mentes dos cientistas da universidade. Bondoso, dispôs-se a decidir por eles qual a melhor forma de gastar os recursos. Na ocasião, professores e estudantes, contaminados pelo vírus subperonista, rejeitaram a oferta e fizeram uma greve como se fossem um bando de metalúrgicos analfabetos de São Bernardo do Campo.
O Secretário de Ensino Superior, Carlos Vogt, não quis comentar a decisão do governador Zezinho. Algumas fontes apontam sua contrariedade porque o Prócer do Conhecimento Nacional preferiu consultar seu antecessor, Dr. Pinotti, através de uma mensagem psicografada pelo mesmo médium que costuma receber os espíritos de Arnaldo Jabor e FHC.
Já o Secretário de Educação e Serviços Gráficos, Paulo R. Gates de Souza, empolgou-se com a aula de democracia do Novo Maluf e já faz planos. Encomendou à editora de palavras cruzadas Picolé novas cartilhas para o ensino de Economia, Astrobiologia, Ciência Política, Geofísica, Filosofia Contemporânea e Fabricação de Velas Decorativas para Adultos. As novas cartilhas serão a primeira fase da implantação de uma nova filosofia pedagógica do novo material didático a ser utilizado nos cursos da universidade.
O Novo Maluf nomeou também pessoas de sua confiança para o Conselho Universitário.
O Novo Maluf recebeu também telefonema de seu afilhado Zuzinha, que cumprimentou o Condutor Geral de Todas as USPs pela aula de democracia e também perguntou se poderia já iniciar a licitação para construção dos pedágios nos portões dos campi. O governador autorizou, exceto para a USP Leste, que é mais pobrezinha, pois ele não gostaria de ser visto como um adversário das causas sociais. Compreensivo, Zuzinha aquiesceu.
Comentário da Tia Carmela:
Quando o Zezinho ficou moço e entrou na USP, os pais dele ficaram muito felizes. Mas depois ele deu muito desgosto: não queria saber de estudar, só andava com uns estudantes da UNE falando de política. Acabou indo pro estrangeiro e nem terminou o curso. Eu acho que ele não gostava da USP já naquele tempo…